sexta-feira, 1 de julho de 2011

Há 15 anos o País perdia Cláudio Kano

Faltavam apenas 18 dias para a abertura dos Jogos Olímpicos de Atlanta (1996), quando o esporte brasileiro sofreu uma de suas maiores baixas. O mesa-tenista Cláudio Kano, que traçava planos de ficar entre os oito primeiros colocados de seu esporte na Olimpíada, foi vítima de acidente de trânsito na Marginal do Pinheiros. Fechado por um carro, ele bateu com sua moto no guard-rail e morreu aos 31 anos. Cedo demais para quem ainda tinha muito a fazer pela modalidade.

Claudio Kano

Seria a terceira Olimpíada de Kano, que por seis anos (de 1980 a 1986) treinou e defendeu São Bernardo, e já havia colocado o Brasil em destaque com dois sextos lugares em campeonatos mundiais (1987 e 1989), seis títulos sul-americanos e, até então, o maior medalhista do País em Jogos Pan-Americanos, com 12 medalhas, marca que foi superada por Hugo Hoyama, no Pan do Rio, em 2007.

Hoyama, além de grande admirador de Kano, foi seu companheiro de Seleção Brasileira. "Jogamos juntos por dez anos e eu aprendi muito com ele. Naquele tempo (anos 1980), o material esportivo era muito difícil de ser obtido. Ele tinha patrocínio de uma empresa japonesa e dava muita coisa para mim e para os outros jogadores", recorda.


Kano e Hug o em 1991 - Pan de Cuba
 Hugo Hoyama reverenciou o amigo no Pan do Rio, quando conquistou sua 13ª medalha na competição, dedicou a Kano e caiu no choro. "Até hoje muita gente lembra dele. O Cláudio deixou muita coisa boa. Se o nosso esporte tem alguma divulgação hoje, é por causa dele.

Procuro seguir seus passos", contou Hoyama, que seguiu ontem para um torneio no Japão e tem planos de disputar a Olimpíada de Londres, ano que vem.

Fabio Almeida - Técnico de São Bernardo

Técnico de São Bernardo usa antigo rival como exemplo a alunos

"Nos enfrentamos por algumas vezes e fui derrotado em todas." Desta maneira, tranquilo e sem o mínimo rancor, o técnico da equipe de tênis de mesa de São Bernardo, Fábio Almeida, 38 anos, relembrou confrontos com Cláudio Kano. "Na América, ninguém ganhava dele. Era imbatível."

As 12 medalhas conquistadas em Pan-Americanos e as diversas outras conquistas do mesa-tenista servem até hoje ao professor, que passa a história de Kano aos alunos como forma de incentivo. "Ele é exemplo para os garotos novos e sua história é contada ano a ano para servir como motivação. O jeito como se esforçava, treinava e corria atrás dos objetivos é que o fez colocar o tênis de mesa em alto nível."

A influência de Cláudio Kano, segundo Almeida, foi fundamental ao esporte no País. "Ele abriu caminho para o Brasil. A Ásia e a Europa sempre foram muito fortes no tênis de mesa.

Méritos totais dele sair de um país sem tradição e chegar a um dos 40 melhores no ranking mundial", concluiu.

"Incansável", Hugo Hoyama repensa aposentadoria e sonha com 7º Pan

Hugo Hoyama e suas medalhas Panamericanas
Aos 42 anos, o incansável mesatenista Hugo Hoyama está próximo de disputar mais um Pan-Americano em sua carreira. Desde Indianápolis, em 1987, nos Estados Unidos, até o último, no Rio de Janeiro, em 2007, foram seis edições dos Jogos, e o experiente atleta conta com um retrospecto de causar inveja em qualquer atleta.  
 
Das 14 vezes que subiu ao pódio, nove vezes foi ao topo máximo - Hoyama é o recordista brasileiro de medalhas de ouro, superando o ex-nadador Gustavo Borges, que tem oito, além de uma prata e quatro bronzes.
 
Natural de São Bernardo do Campo, o canhoto de estilo agressivo chegou a anunciar sua aposentadoria em 2007, mas voltou atrás e atribuiu sua boa forma para manter o alto nível das competições.
 
"Em 2007, acabei fazendo um drama (risos) anunciando minha despedida. Na época tinha fraturado o tornozelo direito e não podia treinar forte. Quando me recuperei, percebi que ainda poderia servir a Seleção em alto nível, me cuido bastante e vou lutar por mais um Pan e uma Olimpíada", disse Hugo.
 
Mesmo depois de tantas conquistas, o mesa-tenista admitiu que se emociona todas as vezes que sobe ao pódio e aproveitou para eleger a vitória mais especial em 35 anos de carreira.
 
"Pratico tênis de mesa desde os sete anos, mas ganhar em casa com a força da nossa torcida e receber um abraço do meu pai, foi algo extremamente emocionante e inexplicável", falou Hugo, referindo-se a medalha de ouro conquistada no Pan do Rio de Janeiro.
 
Questionado sobre o futuro do tênis de mesa, Hugo não se preocupa com sua aposentadoria ao reconhecer que o esporte nos dias de hoje está bem nivelado, e aponta os seus substitutos na modalidade.
 
"Não temo pelo futuro, o Tsuboi (Gustavo) e o Thiago Monteiro não precisam provar mais nada e vem surgindo uma nova safra de muito talento, o Hugo Caldeirano, de apenas 15 anos, e o Erick Jouti, de 16 anos", finalizou.
 
Em agosto, o francês Jean René Mounie, treinador da Seleção Brasileira de Tênis de Mesa escolherá os representantes do país em Guadalajara, são três atletas masculinos e três femininos. Nenhum está totalmente confirmado, mas a presença de Hugo Hoyama é dada como certa.

Fontes principais: DGABC e Portal Terra

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